quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Passarinho de volta ao seu ninho



Em contagem decrescente, deixei de ser um ponto perdido no céu, lá em baixo, as cores que iluminam a cidade já me são conhecidas, os desordenados prédios, são me familiares... inspiro e já quase que sinto os cheiros dos jardins, das livrarias, dos cafés... mas os meus olhos quase a fechar de cansaço, continuam a perder se por entre as estrelas que murmuram sonhos... E negam-se descaradamente a olhar para o que dizem já ter visto tantas e melhores vezes quando estão fechados. Aterro e alguns corredores á parte, busco os meus pertences...
e juro que é desta não me vences!!!



quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Zé Passarinho e A Mulher

(no meio urbano, ergue-se uma visão de calma, sobressaindo o azul vivo do céu que o Sol anima. Ve-se ao longe cúpulas e monumentos sobre a massa homogénea das casas.)


Mulher -...Parece tudo tudo tão sereno!
Passarinho - ...Parece difícil perceber como há tanta gente zangada com o Mundo...
Mulher - Estão zangados, porque não aproveitaram as constantes oportunidades que lhes permitiam defenir a sua essência.

(Pela primeira vez Z.P. poem um semblante compenetrado, pára de fitar o infinito e os seus olhos anseiam por as palavras da M.)

Passarinho - Como por exemplo?
Mulher - Como ver uma fotografia de Man Ray...
Passarinho -Como ver um filme de Kar Wai ...ouvir John Lee Hooker...ou Billie Holiday!
Mulher - ...ou Billie Holiday!

(Ficam parados a olhar para baixo, como se estivessem a escutar o canto chorado de Billie e a sua musica de desencontros, mas a voz da M. corta abruptamente o silêncio desconfortavel que se adivinhava!!)

Mulher - ...Ou ver os cambiantes da Luz da Manhã a irem mudando... (Silêncio)...ou permitir apaixonar-se!!

(Z.P. estremece com o olhar enquanto a M. o olha com o olhar mais que eternecido, ele fita o infinito de sobracenlha fechada até que as mãos da M. o obrigam a encara-la.)

Mulher - Prometes-me uma coisa?
Passarinho - Tudo!!
Mulher - Não vamos deixar a celebração acabar. Não iremos deixa-la acabar, nunca mais!!! Prometes?!

(Continua...)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A carta que nunca te enviei....


Para Conceição,
passado o tempo mais que demasiado, escrevo-te, em resposta ás cartas que já sem poderes escrever, floris-te e com uma linguagem bordada pelos que amam as ditas-te, para alguém as desenhar e em meus olhos se aninharem... sei que a palavra que esborrato neste manto branco não terminara no conforto do teu escutar através do eco de uma voz que te a lê enquanto lutas com o derradeiro fechar de olhos... esperei o tempo mais que demasiado...tu lutaste como uma valente...mas eu espero sempre o tempo mais que demasiado, desprezo a palavra que tenho para semear e em algumas pessoas plantar, arde em mim o medo do riacho da imperfeição.... Não houve dia que não acrescenta-se virgulas na carta que escrevi somente em meu pensamento, não houve dias que não imagina-se o teu sorriso depois de mais uma virgula.... não houve um dia que não imagina-se um ponto de exclamação desse olhar terno com que sempre me olhaste... mas esperei tempo demasiado.... a carta que hoje escrevo, grito-a a sangue e amordaço-a com pingos de sal. Hoje sou homem, um comunicador de palcos, falo para alguns para mais que alguns e para muitos mas acabo sempre sozinho a procurar-te na plateia.. é sempre a tua cara que espero ver por entre os focos que me cegam ou entre o escuridão da minha alma vazia, sem tí...para a carta te a escrever em voz alta.. hoje sei-a de cor..mas tu não estás lá.. maldita carta que nunca terminou esperando por mais uma virgula em caminho à utópia da perfeição e à perfeição da utopia...
Perdoa-me o tempo que sem poderes sair daquele quarto branco, por esta carta esperaste, perdoa-me por ter guardado para mim a cicatriz da tua ausência...se alguma vez conseguires perdoar, faz me um sinal nas noites que no céu procuro o brilho do teu olhar e o reflexo do teu bem estar...
A minha mão treme, mas hoje escrevo-te a carta que nunca te enviei... em destinário já não está aquela cama do hospital de Coimbra, mas no remetente continua a estar o coração com que sempre te amarei...minha Mãe!!!



segunda-feira, 28 de setembro de 2009

   Obrigado, por o teu verbo estar, conjugado no estiveste.
  
   Obrigado, por todas as  palavra vazias que não disseste.
  
   Obrigado, por o teu sorriso teres soletrado
  
   Como quem ensina um ousado palavreado.
  
   -Não me recordo...   já te disse Obrigado?!...
   

    

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Soluções poéticas para coisa nenhuma

Inauguração hoje!!!
Em um mundo preocupado em desvendar novos problemas, as soluções são laminas rasas que cortam a fila dos cinzentos, desembanhadas apenas por os habitantes do Mundo ao contrário.


O prisma muda o quadrado e o branco muda de não cor, mas esta exposição é desembanhada por um militante de tudo o que é franco... restará saber se a solução estará na poésia? estará no adornar? estará no crú e em mais um sonho nú, pois mudar do cinzento para o lilás é belo mas nada mais nos traz?...

clicar sob a imagem para a ampliar.




Zé que voa por uma Lisboa de Lisboas muitas, terá um vouo por esta exposição, através de textos blogados e outros que nem por isso, ambos mutados do pensamento para o texto e retomados neste trinagulo circular à forma constragedora do pensamento, vão estar á mão e ao ouvido, nesta exposição repleta de soluções para o tudo que para lá de muitos é coisa nenhuma.







segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Tú, Eu e Lisboa


Fotografei passos coloridos,nesta cidade perdida no tempo do preto e branco, enquanto cantavas sorrisos em verso, nestas ruas  saídas da época   de um cinema mudo.


Pela noite embalas a Cidade dos encontrões e dos fartos sermões, e ela fica deserta, enquanto a atravessas sem olhar para trás e prossegues com o teu cantar. Emolduraste-te no baloiço de um jardim, o sagrado local de frenesim dos não cépticos,os eternos incompreendidos mas à solidão nunca rendidos pois são eles que cantam ao luar e fazem este Mundo muito mais que simplesmente  girar.
 As ondas da Cidade salpicam me  por atenção, a velha na janela da-te um sermão, os eléctricos reclamam por tradição mas fotos amareladas, sempre amarrotadas, demasiado degradas que não foram feitas sequer para estarem emolduradas são deitadas ao vento e  ao som de um novo Fado, ...
Roubas o travo a café de final de tarde e dizes que é teu,
Ofereces o sorriso perfumado a baunilha e dizes que é meu. 
 
 

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O fado (desgarrado) do SilvatÍ


Mais uma vez Silvatí

de gatas quasi andastí, 

mais velho ficastí, 

mas  não mudastí.


Nota-se que já cá andastí,

nesta vida quasi amargurasti,

mas copo na mão segurastí,

tu nao mudasti.


Seu charme já lançasti

a moças por quem passasti,

que ó depois  nem telefonasti,

tu nao mudasti.


O amigo sempre acompanhastí,

do vizinho nem te lembrasti

a resmunguice lhe oferendastí,

tu nao mudasti.


Ai, mais velho ficasti,

quase me apanhastí.


Ai mais velho ficastí,

resmungao não te tornasti.


já o eras e assim ficastí,

(toma lá que já almoçastí!!)

tu não mudastí.


mas do amigo sempre cuidasti,

nas necessidades sempre o abracasti,

tu não mudastí!!








quarta-feira, 19 de agosto de 2009





Dá-me a tua mão e vamos ser mais que alguém que a vida é feita para nós!!! 
Acordar é bom , mais facil é dormir, mas aí estamos sós. Dá-me a tua mão que somos mais que ninguém, a vida passou a ser narrada por nós!!!



terça-feira, 11 de agosto de 2009

Andanças 2009

Andas, andas e perguntas sempre como te chamas... e andas, andas... sem sair de um sitio que não é o sitio, mas um, um igual ao dois e ao  três mil quatrocentos e vinte e sete triliões de encontrões reprovatorios ao teu eu. Sítios que conjugam rotinas de todo banais que nos fazem soltar uma língua que nos pergunta,   se alguma vez desejamos ser normais.
Solta-te e...respira, liberta-te e...respira, desprende-te e aprende-te, envolve-te em ti enamorando o que te rodeia e então semeia, deixa de ser uma flor e transforma-te em jardineiro.
Descobre um passo acerta o outro,  estás a aprender a andar e se já souberes mais que  simplesmente olhar então vais reparar que na andança finalmente-te te iniciaste  e que em teu redor pessoas atiravam-te sorrisos com os quais sem te aperceberes, dançaste.
Não tenhas medo de te perderes nas andanças de andanças que nos põem a mais que andar, acerta o teu passo e voltaras a ter ar para de novo... respirar...



terça-feira, 28 de julho de 2009

Adormeci ao Acordar de tí (II)


Acordei com vontade de Amar...

mas menos que amei ontem, que o ontem ainda me corrói 

e se fores meu confidente confesso-te que pouco mas  doí. 


Acordei com Vontade de amar...

 como anteontem, de me suster embaraçado 

mas  menos enovelado 

com aquele sorriso...

aquele que me esquartejava sempre em local preciso..


Acordei com vontade De amar...

como antes do anteontem, e antes do antes..na verdade os antigos do ontem 

talvez nem contem..

ainda não sabia adicionar quanto mais o somar... 


Acordei Com vontade de amar... 

de certeza, muito mais do que amanha,

amanha sinto que estarei cansado 

e o sonhar   um verbo conjugado 

num pretérito mais que passado.



sexta-feira, 24 de julho de 2009

Adormeci ao Acordar de tí (I)

Acordei...
Quantas horas eram... nem sei! Nem reparei,
nem sequer olhei e mais uma vez nem as contei. 
Também sabe-las, retira - me mais um pouco da pouca liberdade que me assiste 
e rouba-me uma das poucas desculpas que apesar de larapinos ainda de pé resiste, 
a desculpa para não contar as horas em que o acorrentado sorri,
a desculpa para não contar as horas em que como actor não fingi, 
a desculpa para não contar as horas  que negarei que dormi.

 




quarta-feira, 8 de julho de 2009

O Mundo não gira sobre a tua Couve

Falamos, falamos e falamos... e ao falarmos é porque já falamos connosco antes de passar mesmo ao falar e ás vezes quando passamos ao falar, falamos connosco próprios, ao mesmissimo tempo que falamos quer connosco quer com o falar...Ha! E não é que aí ouvimos, sim aí ouvimos, ouvimos e voltamos a ouvir... a nossa voz, aliás uma voz que julgamos ser nossa com o timbre que nos satisfaz e nos pareça sempre o mais audaz... o que realmente nos apraz..  

E o que falará a nossa Voz?
Não me digas, fala de Nós?
Sim, que ninguém a Ouve!
Ho, pobrezinha da Couve!






quinta-feira, 2 de julho de 2009

Morrer para não Matar II

 


As palavras que ouves de olhos abertos
são inspiradas nas que dizes de olhos fechados.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Bandido





       Fui bandido desmascarado de mascarilha e caraça, 
com o intuído de  ser visto por quem queira e por quem passa.  
      Perversamente de cara subjugada ao desconforto do real, fui-me deixando ir ao sabor do relento e saboreando algum alento, até que quando dei por mim tinha sido encarcerado pelo desejo, preso pelo orgulho e  algemado pelo capricho.
      Rendido à nova morada, e até com alguma vaidade nesta nova indumentária.  Não tracei plano de fuga, bandido por coincidência de datas e horas, sem tempo para saber porque choras,  infringi a lei que manda a Vida;assino pois a minha confissão. 
      Mas a única confissão que um bandido confessa... 
é aquela que não interessa!...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Converas de Quiosque...

  


O que é que um Tubarão diz quando vê a sua fêmea??
    "-Tubara..lhas-me pá!!!"

 
 O que é o Tomate diz à "tomata"??
    "-Tumatas me tanto!!!"
  
  
O que é que faz um trampolim no Polo Norte?
  "-È para o Urso Pular!!!!


Entre um copo de sol e um brinde de sorrisos saem aquelas conversas inteligentes, dementes, estridentes, sorridentes e mesmo não sendo eloquentes, são mais do que são e nunca menos do que teriam sido...e decalcando as palavras de  Picasso;"Passei a minha vida inteira a tentar voltar a ser simples, frontal, genuíno, para voltar a pintar como quando em criança..." 
 A mim basta-me um sorriso como quando em criança...

Nem tudo tem de ser complexo, convexo e com anexo...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Heterónimo

     Irrito me com todo este sopro da procura, quase que me elevo à loucura... com toda esta ventania que me faz sonhar pela razia do único sitio que estamos a salvo de nós. 
     Intolerante, torno me nesse tipo de mutante de alguém que já soprou e ao abrigo no ponto de partida, da   proeminente  fugida  de remoinhos e tufões, amargurava o local de  céleres celebrações, desprendidas de chamamentos monótonos, do antes e do depois, do aqui e mesmo do ali, porque a  celebração  é o estar mais além, de mim, de ti, de sí, de vós e de todos nós.
     Mais rugado, mais amassado,o eterno frustrado encontra se mais libertado. E então fujo, corro e não deixo que me amarrem ao vento nem a nenhum encantamento, esperneio, esbracejo, tudo com um único desejo, que parem de soprar e passem a olhar.




terça-feira, 16 de junho de 2009

Rimas dos Santos Populares

  Junho é  mês de respirar Lisboa e a culpa nem é das solarengas tardes que apimentam os frescos miradoiros nem tão pouco do Tejo que por fim mostra o seu provocante Azul  ...a culpa  é   dos Santos Populares.

  Cheiro de Sardinha assada, bifana bem acompanhada,  bailes e bailaricos pelas ruas que  já não se encontram nuas de enfeites e trejeites florais e alguns manjericos acompanhados de versos populares para oferendar aos nossos pares: assim dança a tradição portuguesa neste mês de Junho;Santo António dia 13, São João dia 24 e São Pedro dia 29.

Em tempo de crise, actos criativos são mais apetecidos,então, então pus-me a oferendar manjericos com rimas hde sabor a Santos Populares, bem ao estilo de Zé passarinho!! Segue se um best offf!!


"Sardinha com cerveja na mão... e desculpa lá o empurrão"

"se não tiveres pedras no caminho...volta e meia podes me trazer vinho"

"Cheira a sardinha.. é boa  mas é minha, paga lá... mas é outra cervejinha"....   


Amigos ingratos, manjerico nem um me ofereceram mas rimas de resposta ...


"Vais todo bonito para elas.. e depois é só empurrões e pisadelas!"

"Chouriço assado e sangria, estômago lixado no outro dia!"

" Agarra te é à bifana crua!Que este ano não me vês nua!".. não sei do ke estava a falar!!já devia estar meio bebida!

"que é esta m"#$%? dou te é com vinho no (#"$% !!"   acho que esta nem rimava, vejam bem!!!..


etc.. etc...



..nunca mais me dou ao trabalho.... para a próxima levam com o típico dos típicos do poeminha e manjerico ....da loja dos chineses!! 




segunda-feira, 8 de junho de 2009

Disposição para Amar

Amar por Amar, tudo Amar ou Amar o estar a Amar.... enlaçam-nos e embriagadamente deturpam-nos a visão do estar. Acordamos sonambulamente com a angústia da solidão, e dançamos com o que está mais á mão, quando o que está, vai estando, e não..não se sabe o que realmente se festeja e que queremos que esteja, porque afinal só queremos estar onde estar não estamos e ás vezes até desejamos... o desejo de estar a desejar, borboletas a rodopiar nas flores que só nós vemos, mas na estação seguinte por entusiasmo a menos, já não as temos... 
Mas então e se o querer sufoca, por não se poder partilhar o respirar, se o silencio é uma palavra dita olhos nos olhos, se o sorriso só é sorriso quando o riso é um coro...e se o estar nunca é suficiente mesmo que seja permanente? Então sentes a palavra do poeta, o traço do pintor, o sonho do sonhador....