domingo, 12 de dezembro de 2010

Entardecem-nos antes de nos amanhecer



Corto-te a boca em sorrisos multiplico-os por mil e subtraio a soma de mais um, porque a minha conta da-me mil vezes tu com os noves fora e eu, fica o que com eu fico, a raiz quadrada do nenhum.
Mascaro a noite de dia e ponho-me de novo a multiplicar que o meu dia amanhece de tarde e entardece antes da manhã... e se eu entardeci antes de amanhecer, não foi por te conhecer nem por te perder, foi por ter aprendido a somar e por contar que a conta de adicionar não me subtraísse o que de mim veio e que de mim se foi...
Colo-te na parte de trás dos teus olhos o mapa do que de mim fugiu e que na minha mascara nunca sumiu... se o encontrares, perdido estou, no um que vezes mil nos traz um acrescente para lá de exactamente; mil e um!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

"Não mãe eu não me vou casar! eu sou a minha Própria Mulher.

...

Guardo as antiguidades porque fazem parte de historias que influenciaram a nossa historia, a historia da nossa vida ...deita-las for seria como arrancar páginas de um livro, do livro da nossa historia...

Eu preciso acreditar que-há muito tempo, num sotão- uma tia generosa deu ao seu sobrinho um livro e uma benção. E que um rapazinho - vestido com o casaco da mãe -sobreviveu a uma onda de soldados de artilharia...."



Teatro político..
A história de um livro capaz de salvar vidas..
A história de um herói na guerra..
Uma biografia histórica em ensaio teatral ..
Captação poética de uma escrita ardilosa(capaz de omitir a palavra travesti)..

Para intelectuais simplórios de convicção e abertos a mais que uma nova razão.

Um espetáculo em cena no Teatro da Comuna, em Lisboa, de 14 a 30 de outubro.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Assim São os Felizes

Mentes presas no tempo sem tempo.....assim são os livres.... felizes por terem do tudo o nada e nada desejarem do tudo.
Aprende a desaprender e perde-te no ganhar.
A essência de ter essência fica entre o alí e o por cá mas não me leves daqui, por favor não me tentes levar, trás-me mais para cá e não para um outro acolá, ou falaremos por belas cartas eu aqui e tu do lado de lá!






video fixed

terça-feira, 22 de junho de 2010

Apenas Para Mim

Deleita-me o breu da noite

Deleita-me toda a hora tardia

Deleita-me o perigo do túnel

Deleita-me existir apenas o (meu) mundo

Aqui, neste momento

Onde apenas existem meus órgãos sensoriais

Onde tudo o que está por detrás desta porta não interessa

Onde só te vejo numa imagem nublada

Onde tudo me importa somente a mim

Onde ninguém alcançará o que sinto

O que me dá tanto prazer

Tanta loucura

Tanta vontade

E ao mesmo tempo

Tanta incerteza

Tanta vulnerabilidade

Tanta tristeza

Aqui onde somente Eu e mais ninguém existe

Deleita-me Sim...

Deleita-me esboçar traços do meu mundo

Para ninguém...Apenas para mim



..de Maria Peixinho

sábado, 19 de junho de 2010

Memorial del árbol

Tu abuelo, nos contaste, intuyendo el final de su existencia en la Tierra, fue diciendo adiós a los amigos, a su familia, a la naturaleza, porque quería estar lúcido y presente cuando la muerte llegara. Por eso, se abrazaba a los árboles que guardaban las páginas escritas de su vida.

Tú, que has sido también todos los nombres, no terminas aquí. 2010 es ya, para siempre, el año de la muerte de José Saramago, pero tus libros forman un maravilloso bosque de dignidad. Y yo me abrazo al árbol para mantener tu memoria.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A Doença Dos Acordados Que Sentem



"A ira, a ansiedade, o medo, os remorsos e os sentimentos de culpa, a insatisfação emocional, entre outros, provocam um aumento de certas hormonas que podem fazer subir a tensão arterial.
Muitas pessoas têm a tensão arterial elevada quando estão acordadas, mas normal quando dormem!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Réu

Amordaço-te e peço-te para falar
embriagado de julgamentos
celebro hoje teus tormentos
respira-me a mim e aos ventos
hoje terminaram os encantamentos

esventro-te aonde me esfaqueaste
bem vinda ao jogo que nunca jogaste
na injuria que ontem injuriaste
ardes na fogueira que me queimaste
amordaço-te e peço-te para falar

...o sal temperas na água do teu desgosto
mas á criança roubaram-lhe a fantasia
e á monogamia apresentaram-lhe a orgia.


és um livro com cheiro fetidido de demasiada maresia
paginas a mais escreveram te uma capa impura e vazia.
...o sal temperas na agua do meu desgosto.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Chuva Numa Tarde De Primavera


.
Sente o que já sentiste, sente o que já mentiste, sente o que nunca pediste, sente....
sente a falta e sente a soberba e meia, solta-te de ti mas não desta teia.
onde chegaste então? à memória de onde tudo o que dizias não parecia um palavrão,

hoje de palavra a mais o mouco passou a rouco,
a música das palavras mudas são o pó das paginas desfolhadas de uma esquecida história...
esta escolha do ficar leva-nos tudo mas tudo leva-nos a ficar na escolha de tão viva memória...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Se o homem consegue ver o grão da areia em vez do areal,
Se o homem consegue ver a pétala em vez da flor,
Se o homem consegue ver a estrela cadente em vez do céu estrelado,
Se o homem consegue ver o salpico em vez do riacho,
Se ele foi abençoado com o dom de reparar,que demência o faz só para ela olhar?
Talvez porque viu nela algo que ela própria nunca reparou...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Carta Aberta a quem de direito:

Eu não quero saber qual é o carro que tu conduzes,
se conheces alguém que conhece alguém,
Muito menos onde vives,
se as tuas roupas são o sucesso da estação,
Eu não quero saber o limite do teu cartão,
Se vives ou sobrevives
Se és da lista-A lista-B ou lista-de-Ninguém,
Nem quero saber se ao passares os homens tu seduzes.

Quero saber se gostas infinitamente de palmilhar as ruas,
se te conheces e aonde te conheceste,
e em que casa tu hoje te revives,
se na do teu ser ou aonde vives,
se sentes que se calhar já amadureceste,
E se já aprendeste o valor da partilha dessa
s palavras tuas.


Eu só quero realmente saber das palavras que brotam da tua mente,
Elas serão sempre o que tu realmente possuirás ,
Elas serão sempre o ultimo reduto onde habitarás.
E de todos os investimentos este será de todos o teu mais consciente.
E foram elas as únicas coisas que não me deixaram esquecer de tí.

Não foram os teus ossos e a tua pele que me fizeram gostar de tí.
Não nego a beleza da capa do livro mas o prazer estará na leitura,
eu não me apaixonei por as tuas belas camuflagens
eu não me apaixonei por os sítios das tuas viagens
nem foi a lembrança que alguma vez me trouxeste que perdura.


Eu não me apaixonarei por mais nada a não ser as palavras
que brotarem da tua extraordinária mente,
por o teu e tão teu verdadeiro eu....






quarta-feira, 12 de maio de 2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Economia de Mercado de Uma Relação





Remoem-me mas não me mói, aloja-se mas não me entranha, interroga-me mas não me exclama, a façanha de uma vida de mão dada onde se troca a palavra prezada e mesmo assim alguém se exclua com o que é anterior ao eco e oferende as premissas selectivas do "Eu não faço isso...", sim correcto mas, mas.. eu não quero saber se tu o fazes, eu quero saber se nós o fazemos... "Eu não sou assim!" pois bem, e nós somos? "Não me fazes isto!", não fazemos isto a nós ou nós não o fazemos?
Pois bem numa economia de mercado, dirigi-me depois a uma reprografia e antes a uma empresa de Recursos Humanos, a pessoa para mim nunca será um numero mas passará a ser sempre apenas mais um gráfico e antes do laço da união vê-se o espaço de intercessão...aonde ambos fazem isto e não fazem aquilo e temos a relação que sempre se quis. À noite apaga-se a luz e se o momento for de criar pequenos curvas de Lorenz, apaga-se ainda mais a luz e de luz totalmente apagada, pede-se um silencio absoluto para se sonhar e com uma fantasia de ponta e de reza empírica escrita na mente, tenta-se recordar os mal falados pontos de não intercessão pois eles pertenciam a quem realmente nos fazia palpitar o coração...
Cabrão deste coração comunista, bem que podia parar de se consumir e passar a se prostituir por esta ou outra economia de cadência mais Liberalista!

Auto-referencialidade de um palavrão

A mente de ser o que não se tem por querer, deambula na amargura e num veneno que perdura, sob qual cada um deveria padecer da respectiva cura. Mas partilha é isso mesmo é o acto de nos pormos a jeito para apanhar, levar e não se dizer que não se está a gostar e sem a educação perdida desejar um; volte sempre e não um até qualquer dia!
Do que estou a falar? Do que tu queres ouvir! Não estaremos todos nós a ouvirmos sempre o que queremos falar. Mas mais interessante do que isso é o resquício castrador do preconceito e que quase tudo leva a eito, amarguras do ser e de quem tempo não têm e muito menos terá,lê meio texto, vê meio filme ouve meia conversa, toma meio registo mental e está pronto para tentar um bacanal na excursão ao proximo café, com a carteira em uma mão e uma bagagem de carne na outra puxando-a para o matadouro de mais uma vazia sedução. Vomita as notas mentais das tais frases sublinhadas, junta-lhes uns desdizeres bem seus e começa a sua busca de superficiais prazeres..neste teatro cheio de falsete, começa mais uma busca por um novo brilharete...
Ofereço-vos então meia linha, oferece-vos um cheiro de meia frase, meio sentimento e valor e meio para assim poderem galvanizados jogar a apanhada do parecer mas garanto-vos que dificilmente vos fará sentir o que é acontecer.
Porque o castrado do experimentar e impotente do sentir ao ouvirem um novo som de uma antiga arpa, vão reparando no cabelo da arpista que deveria ser loiro alpista, porque isso sim, de facto faria-a muito melhor artista...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

"se as palavras dele te conseguiram tocar, imagina o que ele poderá fazer com as suas mãos..."

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Porque há viaJens que nasceram para não mais ter fim(não me troquem o verbo pelo sujeito s.f.f.)

Os eixos do comboio fazem um som constante, nada de chiados e chiares agudos e insurgentes não respeitadores das batidas compassadas que nos habituamos a seguir quer naquela bateria de uma nossa musica que sempre ouviremos ou naquele coração que volta e meia lá tivemos por desacerto que o ouvir com suas mais que certas e assertivas batidas. Os bancos são mais confortáveis que o normal, não são da típica pele velha acastanhada,que de tantos cheiros já não cheira a nada, são de cores vivas que parecem ter ainda mais vida com a luz que quase encadeia e ganha ainda uma segunda vida na branca carruagem.
Num desses confortáveis bancos segue um rapaz franzino de corpo e largo de sorriso não habituado a tais andanças segue com uma postura tímida e com um olhar furtivo, dificíl de agarrar, esconde-se debaixo de uns volumosos fones, que se usam por estas alturas...O comboio segue mais acelerado que os restante, mesmo quando apressados. O jovem não sabia o que o seu comboio parecia saber, ingenuamente fazia planos para lá do depois, escutando as palavras de claros refrões não sabendo se era era ele que ouvia o seu cruel sentido se foi quem as escreveu que lhas ofereceu assim. Embriago por notas soltas e empolgado entre uma rima e outra soltou; O Manel Cruz é o Camões do presente!! Logo se virou um senhor de blazer vincado, cabelo grisalho bem penteado e com umas fartas barbas brancas que ia deixando escapar um sorriso acolhedor prontamente lhe questionou tal afirmação entoada com garra a mais para um moço tão novo, procurando não a razão mas a emoção de tal entoação. Foi então que o rapaz se fez mais homem, refraseou, limou, tirou e voltou a colocar, deu-lhe cor e deixou pontos às escuras. E o resto da viajem esse tal senhor de aspecto intocavel não resistiu e partilhou os fones com esse rapaz de tenra idade, uma viagem digna de um pai sem filho e um filho sem pai. E esta quinta-feira esse rapaz voltou a viajar e de fones postos eu viajei com ele ...

terça-feira, 30 de março de 2010

A Curta que substitui o Documentário de logo à noite.

O que se passa à nossa volta jorra tanto sumo que o irreal é um espremedor sem utilidade. Apetece proclamar uma jura eterna ao documentário com o seu cheiro a vida, o seu sabor a crú e o seu som não virtual. E porque não estende-la aos livros dos factos sobre factos que não nos fazem perder tempo com os não factos e que retratam uma grande coisíssima nenhuma. E a pintura? Para que nos serve o quadro que nos retrata coisa nenhuma e a sua cor ou ausência da mesma que só tem utilidada para nos auxiliar na distinção entre uma ou outra tela?
Esta equação só tem afronta pela palavra de conjunção meta, pela imagem de projecção surrealista ou pelo som para lá do cá experimentalista, quando maestradas numa valsa a três tempos em que com passos na diagonal a Realidade é tocada com uma ligeireza a toda a prova e como se isso não fosse suficiente com sincronizados rodopios nos mostram o para além dela mesma, os seus alongamentos e continuações dessa dança que nos escapa mesmo quando somos o par da mesma.

terça-feira, 23 de março de 2010

"Cantiga do Amigo"

Aperalta-se, prepara não o corpo que o veste com uma barba por fazer e um cabelo mesclado por pentear, prepara em vez dessas vestes, aquela alegria no seu fácil sorriso e aquele brilho nos seu terno olhar, aperalta a preceito o seu coração,base nas cicatrizes, baton nos deslizes, perfuma-o também com memórias felizes.
E de coração no ponto está pronto para ir de encontro ás horas que são minutos e aos minutos que são mais que todas as horas, o tempo que faz gostar de ter realmente tempo...

Ele voltou-se a atrasar mas prometeram deixar a corrida do carteiro para quem com chuva não se quer molhar e a pressa do fogareiro para quem o arco-íris não aprendeu a partilhar.
E Ela esperou. Para ele não começar já a sorrir e não repetir, di-lo com a boca porque com os olhos diz que aquele tempo a menos nem se compara com o tempo a mais em que definhou sem saber por onde ele andou.

Ela esperou...por andar andando de mãos dadas com o sorriso que ele lhe trás, Ela agradece-lhe e fotografa-lhe a mão e ele pede-lhe para ter cuidado com o seu aperaltado coração.
Ela explica-lhe o que é ficar enquanto ele conta lhe os segredos do silencio do estar e se a conversa os põem em perigo ele ri-se um pouco e gaguejante diz-lhe é bom ser teu amigo e ela responde-lhe, igualmente bom é ser teu amante.



quinta-feira, 18 de março de 2010

Subliminar(mente) Companheiros



Esgoto-me no beco da noite
entrego-me à razão
de não haver razão
Não me embriago
mas bebo mas um trago
de uma cerveja que sobeja na minha mão
e me empurra sobre o caminho da solidão
Sozinho no pensar
acompanhado no desdenhar
não me embriago
mas bebo mais um trago
e assim tenha a certeza que
este pedaço de vida, não estrago.
Tudo me parece posto em local impreciso
se eu mandasse tudo seria mais conciso.
o amontoado era planado
e o vazio era acerbado.
Não haveria jardins na cidade
é que dela nem haveria necessidade
Não me embriago
mas bebo mais um trago
deste cálice de impuro vinho
servido por um homem mesquinho.
trauteio a música de um pintor
que largou a pureza da tela
e passou a cantar para ela
contorcionista no circo da dor
enjaulo o vicio do meu amor
Não me embriago
mas bebo mais um trago
com duas pedras de gelo nesta canção destilada
vais tu e vai o mundo corrido à estalada.
Filho de uma grande puta
deixou de ser sitio para uma nobre Luta.
Afro-premio Nobel despregado de um caixão
não é teu o filho que morre com o grito do canhão
Ora bem, entre mais moço ou menos moço,
Pede é uma mini que alguém te trará sempre o tremoço.
Bebo mais um trago
eu juro que não me embriago
com este ultimo gole de absinto
procuro pessoas que digam;"eu minto!"
Os sítios à minha volta saíram do vago
caio num sofá giratório e parece que cheguei e casa
juro que ter bons amigos é mais que mero golpe de asa.
Ligo então a caixa da estupidificação no canal da cimeira....
Espera lá, que afinal não sou o único com uma incrível bebedeira..


quinta-feira, 4 de março de 2010

Quando um Ponto Final se Torna o Seu Próprio Ponto Final






Ao ver as minhas palavras acabarem num texto que não terminou
um rosto mascarado de fantasias e alegorias logo se aproveitou,
com pontos finais para um só fado quase a minha essência beijou
com os falsos pontos de exclamação as suas não verdades cantou,
com palavras de um outro alguém, passo a passo a sua entrada manipulou,
acendeu a luz do lugarejo onde de repente entrou
e viu que o alguém que sempre procurou dali voou,
eu em mim sinto que já lá não estou,
pára de me procurar aonde o vicio secou,
pára de acender a luz de onde já cá não estou,
Pára!!
Pára!!
Pára!!
Prometi-me que o meu eu começaria mas não terminaria mais em mim,
é no sorriso com que me cruzo que esse eu encontra a minha paz e o teu Fim .

terça-feira, 2 de março de 2010

De Onde Vens 1,9

Era uma vez...
quem liberto está, liberto nasceu e liberto morreu
o questionamento e a contemplação da beleza é um dom
que não se aprende e dificilmente se compreende
quem liberto está, liberto nasceu e liberto morreu
esta prisão que canta as mais belas melodias na falta de som
faz do consciente um delinquente e do demente um sobrevivente
quem liberto está, liberto nasceu e liberto morreu
que imagem vês?e em que imagem crês?
se não a viste é porque não a sentiste, não percebo porque sequer me a pediste



quem liberto está
que para longe se vá
quem liberto nasceu
não é problema meu
quem liberto morreu
é porque nem nasceu

domingo, 21 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

De onde vens?

As paisagens lá fora atropelam-se a uma velocidade perturbante, é impossível distinguir o fim da imensidão dos campos esverdeados, com o principio do céu acizentado. As janelas gastas do Sol, mal deixam perceber os contornos das casas plantadas nessa imensidão, orfãs de caminhos e de vida. O comboio continua e o seu som compassado entoa uma orquestra tão aglutinante como perfeita para o viajante.

(...) a Mulher debruçada sobre a janela com um olhar vazio sobre o infinito...vê o seu pensamento interrompido.



Passarinho- Estás distante...


Mulher- Eu estou aqui, precisamente aqui, mas eu não sei por onde estiveste tú?


(a voz autoritária que M. deixa escapar enquanto fita a paisagem deixa Z.P. apreensivo.)


Passarinho- Nem eu sei e mesmo que soubesse não to diria...


Mulher- Não confias em mim? De que tens medo?


Passarinho- De nada e ao mesmo tempo de tudo..tenho medo da Condição Humana, do seu poder de transformar o Belo num horrendo nada, um grande nada de perversidades e futilidades.


Mulher- Assim nunca te irei perceber...tens medo que em vez de te compreender te julgue, é isso?


( As posições invertem-se e Z.P. esmorece ao olhar em direcção à janela)


Passarinho- Não é o que estás já a fazer? È mais forte do que nós o acto de julgar...e de olhar à procura do que se pensa vir a encontrar..em vez de olhar para reparar e ter mais uma verdade para partilhar...


Mulher- Eu se pudesse partilhava até o respirar contigo..



(O barulho das carruagens é unico som presente...)


Mulher- E agora partilho o meu silêncio, não para te magoar, mas para ouvir a tua voz...



Mulher- Eu não tenho pressa, mas olha-me nos olhos para pelo menos eles me fazerem acreditar na palavra “nós”....



(Z.P. envergonhadamente, inspira pausadamente duas vezes e quando se preparava para respirar uma terceira, olha M. debaixo...)


Passarinho- Por onde andei eu a viajar este tempo todo? Pelos sítios incertos de tão certos que me fizeram regressar até tí. Se eu hoje sei aonde vai terminar a minha viagem? Não! Mas hoje posso te prometer o que nunca pude; aonde é que ela não vai terminar...



(...)




quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Tens planos para logo à noite?



Não te maces em contar-me o teu dia. Eu não o quero ouvir e tu não o queres dizer. Ele ainda te maça, ele ainda te aflige o pensamento e não para de te tentar corromper a boca. Por favor não o deixes maçar-te mais, se ele te continua a maçar, num instante maçará-nos a nós e nós gostamos tanto de estarmos sós entre nós.
Não te cales, conta-me o que te fez chorar, o que te fará cantar, como é que aprendeste a trautear e como me ensinaste que o sorriso é uma forma de estar.
E se o teu dia nada disto te fez, vai então agora dar-se o seu inicio, tomo-te a mão para acalentar o meu vicio e peço para escolheres, novas aventuras e novos prazeres ao som de palavras capazes de entoar a musica dos nossos seres.
-São dois bilhetes, por favor!






sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Espero pela ausência da luz e acordo na minha cruz, procuro a voz de quem me quer tão bem, mas eu sou mais eu sem ninguém...

O escuro das ruas encosta-se e debruça-se sobre mim, sorrio enquanto aguardo pelo seu fim fantasiando por mais uma palavra oca e por um beijo suficiente forte da tua boca...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Valor da Vontade













A vontade de sonhar, faz-nos acordar a perceber que podemos escolher a forma de voar...Nunca deixes de sonhar, mas levanta-te quando o despertador voltar a tocar...






"Que espanto poderá causar o facto de acabarmos por nos

tornarmos desconfiados, de perdemos a paciência, de nos

agitarmos impacientes? De que essa esfinge nos tenha também

ensinado a fazer perguntas? Quem afinal vem aqui interrogar-

nos? Que parte de nós mesmos tende “para a

verdade”?Realmente detivemo-nos por muito tempo perante a

questão da causa dessa vontade – até que acabamos por quedar

em suspenso perante uma questão ainda mais fundamental. Foi

quando perguntamos pelo valor dessa vontade. Admitindo que

queremos verdade, porque não havíamos de preferir a não

verdade? E a incerteza? E mesmo a ignorância? Terá sido o

problema da verdade que se nos apresentou ou, pelo contrário,

fomos nós quem se lhe apresentou? Quem de nós é aqui Édipo?

Quem a esfinge?[...]"

(NIETZSCHE; 1982, p. 11)

domingo, 24 de janeiro de 2010

domingo, 10 de janeiro de 2010

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Esperança...

Um bloqueio do raciocínio
Um Vírus contagioso
que se propaga no sofá vincado e amassado.
O Vício dos divorciados de fresco dos "é" e para onde "é", serem então,
o que "eram" e para onde "foram".
O sonho nunca me causou Urticária,
já a esperança sempre me coçou,
com os sem confiança,
os idealistas da cagança,
sempre à espera daquele vento que trará a bendita Mundança...

Esperança tenho menos que pouca,
falarei-te um dia de sonhos
e ai, a voz ficará mais que rouca.