terça-feira, 30 de março de 2010

A Curta que substitui o Documentário de logo à noite.

O que se passa à nossa volta jorra tanto sumo que o irreal é um espremedor sem utilidade. Apetece proclamar uma jura eterna ao documentário com o seu cheiro a vida, o seu sabor a crú e o seu som não virtual. E porque não estende-la aos livros dos factos sobre factos que não nos fazem perder tempo com os não factos e que retratam uma grande coisíssima nenhuma. E a pintura? Para que nos serve o quadro que nos retrata coisa nenhuma e a sua cor ou ausência da mesma que só tem utilidada para nos auxiliar na distinção entre uma ou outra tela?
Esta equação só tem afronta pela palavra de conjunção meta, pela imagem de projecção surrealista ou pelo som para lá do cá experimentalista, quando maestradas numa valsa a três tempos em que com passos na diagonal a Realidade é tocada com uma ligeireza a toda a prova e como se isso não fosse suficiente com sincronizados rodopios nos mostram o para além dela mesma, os seus alongamentos e continuações dessa dança que nos escapa mesmo quando somos o par da mesma.

terça-feira, 23 de março de 2010

"Cantiga do Amigo"

Aperalta-se, prepara não o corpo que o veste com uma barba por fazer e um cabelo mesclado por pentear, prepara em vez dessas vestes, aquela alegria no seu fácil sorriso e aquele brilho nos seu terno olhar, aperalta a preceito o seu coração,base nas cicatrizes, baton nos deslizes, perfuma-o também com memórias felizes.
E de coração no ponto está pronto para ir de encontro ás horas que são minutos e aos minutos que são mais que todas as horas, o tempo que faz gostar de ter realmente tempo...

Ele voltou-se a atrasar mas prometeram deixar a corrida do carteiro para quem com chuva não se quer molhar e a pressa do fogareiro para quem o arco-íris não aprendeu a partilhar.
E Ela esperou. Para ele não começar já a sorrir e não repetir, di-lo com a boca porque com os olhos diz que aquele tempo a menos nem se compara com o tempo a mais em que definhou sem saber por onde ele andou.

Ela esperou...por andar andando de mãos dadas com o sorriso que ele lhe trás, Ela agradece-lhe e fotografa-lhe a mão e ele pede-lhe para ter cuidado com o seu aperaltado coração.
Ela explica-lhe o que é ficar enquanto ele conta lhe os segredos do silencio do estar e se a conversa os põem em perigo ele ri-se um pouco e gaguejante diz-lhe é bom ser teu amigo e ela responde-lhe, igualmente bom é ser teu amante.



quinta-feira, 18 de março de 2010

Subliminar(mente) Companheiros



Esgoto-me no beco da noite
entrego-me à razão
de não haver razão
Não me embriago
mas bebo mas um trago
de uma cerveja que sobeja na minha mão
e me empurra sobre o caminho da solidão
Sozinho no pensar
acompanhado no desdenhar
não me embriago
mas bebo mais um trago
e assim tenha a certeza que
este pedaço de vida, não estrago.
Tudo me parece posto em local impreciso
se eu mandasse tudo seria mais conciso.
o amontoado era planado
e o vazio era acerbado.
Não haveria jardins na cidade
é que dela nem haveria necessidade
Não me embriago
mas bebo mais um trago
deste cálice de impuro vinho
servido por um homem mesquinho.
trauteio a música de um pintor
que largou a pureza da tela
e passou a cantar para ela
contorcionista no circo da dor
enjaulo o vicio do meu amor
Não me embriago
mas bebo mais um trago
com duas pedras de gelo nesta canção destilada
vais tu e vai o mundo corrido à estalada.
Filho de uma grande puta
deixou de ser sitio para uma nobre Luta.
Afro-premio Nobel despregado de um caixão
não é teu o filho que morre com o grito do canhão
Ora bem, entre mais moço ou menos moço,
Pede é uma mini que alguém te trará sempre o tremoço.
Bebo mais um trago
eu juro que não me embriago
com este ultimo gole de absinto
procuro pessoas que digam;"eu minto!"
Os sítios à minha volta saíram do vago
caio num sofá giratório e parece que cheguei e casa
juro que ter bons amigos é mais que mero golpe de asa.
Ligo então a caixa da estupidificação no canal da cimeira....
Espera lá, que afinal não sou o único com uma incrível bebedeira..


quinta-feira, 4 de março de 2010

Quando um Ponto Final se Torna o Seu Próprio Ponto Final






Ao ver as minhas palavras acabarem num texto que não terminou
um rosto mascarado de fantasias e alegorias logo se aproveitou,
com pontos finais para um só fado quase a minha essência beijou
com os falsos pontos de exclamação as suas não verdades cantou,
com palavras de um outro alguém, passo a passo a sua entrada manipulou,
acendeu a luz do lugarejo onde de repente entrou
e viu que o alguém que sempre procurou dali voou,
eu em mim sinto que já lá não estou,
pára de me procurar aonde o vicio secou,
pára de acender a luz de onde já cá não estou,
Pára!!
Pára!!
Pára!!
Prometi-me que o meu eu começaria mas não terminaria mais em mim,
é no sorriso com que me cruzo que esse eu encontra a minha paz e o teu Fim .

terça-feira, 2 de março de 2010

De Onde Vens 1,9

Era uma vez...
quem liberto está, liberto nasceu e liberto morreu
o questionamento e a contemplação da beleza é um dom
que não se aprende e dificilmente se compreende
quem liberto está, liberto nasceu e liberto morreu
esta prisão que canta as mais belas melodias na falta de som
faz do consciente um delinquente e do demente um sobrevivente
quem liberto está, liberto nasceu e liberto morreu
que imagem vês?e em que imagem crês?
se não a viste é porque não a sentiste, não percebo porque sequer me a pediste



quem liberto está
que para longe se vá
quem liberto nasceu
não é problema meu
quem liberto morreu
é porque nem nasceu