quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Zé Passarinho e A Mulher

(no meio urbano, ergue-se uma visão de calma, sobressaindo o azul vivo do céu que o Sol anima. Ve-se ao longe cúpulas e monumentos sobre a massa homogénea das casas.)


Mulher -...Parece tudo tudo tão sereno!
Passarinho - ...Parece difícil perceber como há tanta gente zangada com o Mundo...
Mulher - Estão zangados, porque não aproveitaram as constantes oportunidades que lhes permitiam defenir a sua essência.

(Pela primeira vez Z.P. poem um semblante compenetrado, pára de fitar o infinito e os seus olhos anseiam por as palavras da M.)

Passarinho - Como por exemplo?
Mulher - Como ver uma fotografia de Man Ray...
Passarinho -Como ver um filme de Kar Wai ...ouvir John Lee Hooker...ou Billie Holiday!
Mulher - ...ou Billie Holiday!

(Ficam parados a olhar para baixo, como se estivessem a escutar o canto chorado de Billie e a sua musica de desencontros, mas a voz da M. corta abruptamente o silêncio desconfortavel que se adivinhava!!)

Mulher - ...Ou ver os cambiantes da Luz da Manhã a irem mudando... (Silêncio)...ou permitir apaixonar-se!!

(Z.P. estremece com o olhar enquanto a M. o olha com o olhar mais que eternecido, ele fita o infinito de sobracenlha fechada até que as mãos da M. o obrigam a encara-la.)

Mulher - Prometes-me uma coisa?
Passarinho - Tudo!!
Mulher - Não vamos deixar a celebração acabar. Não iremos deixa-la acabar, nunca mais!!! Prometes?!

(Continua...)